O milagre do amanhã começa hoje - The Way Notes

O milagre do amanhã começa hoje

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Hoje diante de nós está uma terra nua e nela começará o milagre do amanhã.

Temos mudas das árvores nativas nas mãos e vontade na alma. Elementos básicos para a multiplicação da vida hoje e aqui neste lugar, promessas de frutos, sombras e águas.

Vida que atrai vidas.

Veremos tudo isso crescer por aqui, nós os semeadores?

Talvez sim, talvez não, porém o ponto central no nosso projeto de vida é outro.

Nossa família encara a situação difícil, entendendo que são nos terrenos mais pobres e degradados que devemos fazer valer a fé num futuro melhor para esta terra e nossos descendentes.

Reserva após 14 anos

Afinal, o que é a vida senão o constante ciclo do nascer e renascer?

Se as sombras dessas futuras árvores estão mais longe no tempo de nós, que dos nossos filhos e dos nossos netos, que diferença isso faz?

Acreditamos que a luz e o calor deste sol a pino, sob o qual aqui estamos agora com as mudas nas mãos, proporcionarão às futuras gerações árvores e com elas gerarão a maravilha da fotossíntese e da vida nesta parte do planeta.

Minha filha Larissa e as flores da reserva

O amor que colocamos nessa pequena iniciativa falará sempre mais alto, mesmo na incerteza de vermos, nós próprios, os frutos do que estamos plantando.

Loucura plena enfiar estas pequenas mudas de árvores nesta terra tão ressequida e pobre?

Deixar a terra ao léu sim, isso sim seria ficar a favor da desesperança.

Sós, aqui nesta solidão da Gabiroba, enxergamos além da terra vazia e do sol bravo.

Sonhamos o futuro.

Essa viagem não será rápida, o destino que queremos existe de maneira nítida apenas em nossos desejos, será nossa persistência que nos levará aos tempos dele.

Por hora, manter a chama da vontade acesa e trabalhar, confiar e deixar-se absorver por este projeto de vida. Orientar nossa alma para o rumo que desejamos, para aquele ponto no tempo em que olhando para trás, possamos compreender que tudo fez sentido.

Um sentido bom para nós e para os humanos.

Mãos à Obra

O desafio com a burocracia para se chegar até este ponto do projeto foi insignificante, quando comparado ao cuidado e à compreensão necessária para fazer as mudas nativas irem em frente.

Diante de nós estava agora uma longa jornada para que uma vida diversificada se tornasse realidade por aqui. Faríamos apenas uma parte pequena, a que estivesse ao nosso alcance. O resto dependeria da mãe natureza, sabíamos que o processo seria lento, com idas e vindas, avanços e retrocessos…, mas necessário para que alguém colhesse frutos mais adiante.

Naqueles tempos e ainda hoje, em que tudo era para ontem, plantar e cuidar a longo prazo requeria nossa vontade e disciplina. E isso nós tínhamos e temos, queríamos chegar numa paisagem ainda não vista.

Com esse pensamento em mente recebemos a equipe contratada para o plantio. A terra já estava preparada. Após as curvas de nível, uma grade leve foi passada pelo terreno. Nos aterros das represas foram espalhadas sementes de grama tipo Batatais. O objetivo era formar um gramado para proteger os barramentos. Para a germinação, providenciamos uma bomba à gasolina para girar os aspersores que irrigavam essa plantação.

Também uma sulcagem demarcou as linhas em que as mudas seriam plantadas em todo o terreno. Essas linhas de sulcagem, feitas nos espaçamentos recomendados, eram indicadas para melhorar as condições de penetração do sistema radicular das árvores na terra.

Nessas linhas preparamos as covas apropriadas para receberem as mudas. Na verdade, deveríamos chamar o conjunto daqueles pequenos buracos de berços, porque ali seria o lugar de crescimento das nossas mudas.

Bem, as mudas tinham acabado de chegar do viveiro, estavam naqueles rocamboles, à sombra da única árvore lá existente: a grande figueira. Quando no viveiro, as mudas cresciam em perfeitas condições e irrigadas diariamente. Agora, iriam enfrentar o sol e a natureza na sua plenitude.

Esperamos uma boa chuva e, na sequencia, plantar!

Para ajudar, colocamos em cada uma das covas um gel especial, cuja função seria reter água para os primeiros tempos daquelas tenras mudas no seu novo habitat.

Colocado o gel, os trabalhadores se espalharam pelo terreno plantando as mudas.

Meu compadre Agenor Nucci, que conhecia como lidar no campo, coordenava todo o trabalho.

Compadre Agenor

Nem tudo foi feito como queríamos. Alguns dos trabalhadores, apesar de muito bem orientados, talvez para ganhar tempo, não observaram as instruções de irem alternando espécies, isto é, plantando diferentes tipos na sequencia da linha e nos seus lotes.

Assim, em pontos isolados, observamos depois que havia mudas repetidas de uma mesma espécie. Não eram muitas essas situações, mas lamentamos que tivesse ocorrido assim, agora já estavam plantadas.

Ao final de novembro de 2009, mais de 14.000 mudas de árvores nativas estavam espalhadas no entorno das represas, no lugar da antiga erosão, às margens do Córrego da Gabiroba. Cobriam integralmente a área de preservação permanente e a reserva legal.

Assim foram os dias de plantar!

Felizes dias! Dias de esperança!

Gilson e seus “bebês”

Como para um bebê pequeno que acabava de chegar da maternidade, assim olhávamos para aquelas pequenas mudas, colocadas sob aquele sol forte e claro, típico de Floreal.

Estavam as mudas agora à mercê das chuvas quando vinham ou da seca, essa mais provável. Sujeitas aos ataques das formigas, às invasão de ervas competidoras e de todas as outras ameaças na luta pela vida.

Todavia, era o processo recomendado à época para a restauração ecológica naquele pedaço de terra, um tiquinho de nada quando comparado com a imensidão deste querido Brasil.

Estávamos felizes por viver e sentir o lado bom de uma relação saudável entre humanos e seu ambiente, esperando que no futuro o benefício não fosse só nosso, mas de toda a nossa comunidade de Floreal, da nossa região e do nosso planeta.

Meu filho Felipe e o compadre Agenor plantando mudas na reserva.

A iniciativa tinha apenas a intenção de recompor o ecossistema local. Estávamos interferindo no processo para acelerar um pouco o tempo de retorno da flora.

Seguíamos as experiências de outros brasileiros, inspirando-nos também no que víamos nas divulgações da Embrapa. No futuro outras técnicas apareceriam e apareceram, tornando esse nosso método ultrapassado. Mas era o que tínhamos naquele momento.

Gilson Marques

Gilson Marques

“Gilson Marques, nasceu em Floreal, e cresceu no seio de uma família numerosa, com quatro irmãs e um irmão. É casado e tem dois filhos adultos. É formado em Administração de Empresas.”

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O AUTOR:

“Gilson Marques, nasceu em Floreal, e cresceu no seio de uma família numerosa, com quatro irmãs e um irmão. É casado e tem dois filhos adultos. É formado em Administração de Empresas.”

Gilson Marques

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